Perguntas às candidatas


Resposta para os professores do Centro de Engenharia da Mobilidade -Joinville

 1-  a) Qual a posição do candidato quanto ao projeto REUNI da UFSC?
R: É nosso entendimento que toda política de incentivo as Universidades públicas federais são bem-vindas, contudo a dinâmica de implantação de qualquer Projeto deve ser merecedora de uma análise profunda institucional de modo a considerar as especificidades dos Centros de Ensino, responsáveis pela efetiva aplicação do mesmo. Ressalta-se ainda a necessidade de realização de um planejamento profissional a curto, médio e longo prazo para a sua execução.

b) Conhece bem, parcialmente, ou desconhece os termos?
R: O projeto REUNI apresentado pelo MEC para as Universidades federais previa a expansão e a reestruturação das Universidades Federais. Na época (2007), o MEC apresentou esse projeto como a única possibilidade de recebimento de recursos financeiros para o atendimento ao Ensino de Graduação. Posteriormente, teve-se a clareza de que o projeto contemplava também o Ensino de Pós-Graduação.
Ressalta-se que a adesão ao Projeto REUNI era voluntária, por decisão do respectivo Conselho Universitário das universidades. As Universidades receberiam um aumento de 20% do orçamento de custeio e pessoal do ano inicial de adesão e poderiam solicitar recursos adicionais, condicionado ao cumprimento das metas estabelecidas para cada etapa.
Algumas das diretrizes que norteiam o projeto político  pedagógico do CEM (Centro de Engenharia de Mobilidade) são apresentados no Manifesto de Angra dos Reis- Subsídios para Reforma  da Educação Superior, elaborado pela Academia Brasileira de Ciências, datado de 2004 e também nas orientações da proposta da “Universidade Nova”  que foi lançado em meados de 2006 pelo Profº Naomar de Almeida Filho, ex-Reitor da Universidade da Bahia e a proposta de Bacharelados Interdisciplinares proposta  pelo Prof. Timothy Holland, ex –reitor da Universidade de Brasília. Um modelo compatível tanto com o modelo norte-americano e com o Modelo unificado europeu do processo de Bolonha.  A justificativa da necessidade de compatibilização curricular (Bolonha e EUA) e que se encontra na justificativa do Projeto REUNI é que os estudantes são obrigados a escolher precocemente a profissão e que isto têm resultado nos altos índices de evasão verificados nas universidades. No entanto ressaltamos não existem dados concretos de pesquisa que possam respaldá-lo. Acreditamos que é muito importante a avaliação qualitativa dos motivos da evasão. Alguns estudos já mostram que na realidade brasileira, os principais motivos da evasão é a incompatibilidade entre o estudo e o trabalho, repetências e dificuldades sucessivas, associada à fragilidade sócio-econômica do estudante ou de sua família. O fator escolha precoce também deve estar presente, mas não é suficiente para justificar a mudança curricular proposta pelas propostas em tela. Consideramos que a consolidação de políticas de permanência e integração estudantil são  essenciais  para diminuir a evasão e melhorar o rendimento estudantil.

c) É favorável como ele foi apresentado ou existe algum ponto de discordância?
R: Há pontos fortes e outros de maior fragilidade nesse projeto.
Pontos fortes: identificação por parte do governo federal da necessidade de uma política de incentivo às Universidades Federais e recursos financeiros foram alocados na tentativa de dar cumprimento a proposta.

Pontos frágeis: A compreensão desse projeto por parte das Universidades Federais ocorreu de forma diferenciada. A participação de algumas Universidades nesse projeto foi distinta e muito anterior ao envolvimento da nossa Universidade nesse projeto (falha MEC ou falha interna/UFSC?). O envolvimento tardio da UFSC não possibilitou uma discussão mais ampla e profunda dos Centros de Ensino quanto aos objetivos do projeto. As primeiras discussões sobre esse projeto na UFSC conduzidas pela Administração Central tiveram como principal foco, a EXPANSÃO de vagas e de cursos. A reestruturação propriamente dita, a nosso ver, ficou comprometida.

Adicionalmente, o descompasso entre a adesão ao REUNI e a reorganização da gestão administrativa interna da UFSC (falta de uma visão planejada e sistêmica de gestão) prejudicou a viabilização das condições necessárias para manutenção e ampliação do padrão de qualidade do ensino superior público com os recursos disponibilizados pelo governo.

2 – a) Qual a posição do candidato com relação a uma das diretrizes do projeto REUNI que prevê uma relação de 19 alunos por professor para a UFSC?
R: Toda e qualquer política que não considere as especificidades dos cursos e das áreas de conhecimento pode comprometer a formação dos nossos acadêmicos e os padrões de qualidade de ensino aceitáveis; aprofundar a precarização do trabalho docente e principalmente em sua concepção ferir a autonomia universitária ao impor padrões pedagógicos que são da competência das Universidades.

b) O candidato acha que é possível ter uma boa qualidade no ensino e na pesquisa mantendo essa relação? A relação aluno professor nas melhores universidades do mundo é de 8,25 alunos por professor. Qual a média nacional para as universidades federais na relação número de alunos por professor?
R: Não há clareza se na relação professor/ número médio global de alunos/professor = 1:19 colocada pelo MEC foram incluídos os alunos de  pós-graduação e as orientações. É nosso entendimento que esses devem ser considerados a fim de evitar o comprometimento da qualidade do ensino, possibilitar ao professor o envolvimento em pesquisas, extensão e a participação na pós-graduação.

c) a média nacional para as universidades federais na relação número de alunos por professor?
R: No processo de apresentação do Projeto REUNI, os dados do MEC mostravam uma discrepância muito grande na relação professor/aluno entre as Universidades federais. Na ocasião foi veiculado que um dos objetivos do Projeto REUNI era promover ajustes nessa relação (maior uniformidade entre as Universidades). Dados atuais dessa relação ainda não foram disponibilizados para os Diretores dos Centros de Ensino da UFSC. 

 3 -a) O candidato tem conhecimento de como está sendo feita a implementação do campus de Joinville?
R: A implantação do campus Joinville tem sido acompanhada pelas apresentações feitas pela Direção do CEM no Conselho Universitário, pelo Relatório de Atividades 2010 e mais recentemente pela visita realizada no dia 5 de Outubro.

 b) Em sua opinião quais são os pontos positivos e negativos.
R: Pontos positivos – Experiência inovadora e projeto pedagógico que visa incentivar a liberdade e autonomia da formação para constituir sujeitos criadores e inovadores. Merece destaque também o atendimento a uma demanda por formação superior que não estava sendo atendida no Brasil.

Pontos negativos - Sobrecarga de trabalho para os professores e a quebra da isonomia com professores do Campus Florianópolis, com turmas de 200 alunos e impossibilidade de dedicação as atividades de pesquisa e extensão. Lamentavelmente iniciou-se a implementação com uma sobrecarga de trabalho para os novos profesores, agora precisamos com urgencia melhorar as condições de trabalho. Falta de condições físicas para o pleno desempenho das atividades, conseqüência das dificuldades políticas externas  à UFSC para a ocupação da área da Curva do Arroz, dificuldades administrativas internas à UFSC , ausência dos laboratórios necessários para o desenvolvimento das aulas práticas, falta de um efetivo cronograma de contratações, de servidores e de docentes, pois com alunos chegando ao sexto semestre, o CEM deveria contar com 60 professores de acordo com as estimativas iniciais e possui apenas 23.

c) Se for eleito reitor, o que melhoraria ou manteria neste processo de implantação?
R: Para melhorar o processo de implantação devem ser ouvidos todos os membros da comunidade ( incluindo os professores em estágio probatório), e devem estes participar da tomada de decisões. Concretamente propomos: Prioridade total para a consolidação do CEM, inicialmente viabilizar as obras dos prédios de laboratórios, salas de aula, pista de testes e áreas de permanência estudantil, simultaneamente realizar a reavaliação da distribuição da carga de ensino aos professores, para definição, a partir das avaliações atuais do número de contratações de professores e técnicos necessários para a implantação do projeto. É muito importante o acompanhamento pela reitoria da avaliação contínua das fragilidades e potencialidades do projeto pedagógico para dar o apoio institucional. Consideramos, ainda, que a consolidação de políticas de permanência e integração estudantil, como biblioteca, moradia estudantil, ampliação do número de bolsas de permanência, pesquisa e extensão, apoio psicológico e pedagógico são essenciais para diminuir a evasão e melhorar o rendimento estudantil.

 4 - Como o candidato vê o programa Reuni da forma como está sendo implantado, ao menos em Joinville:

 - falta de infra-estrutura física?

 - relação professor - aluno de 1:40, quando a meta é 1:18?

 - turmas de 200 a 250 alunos?

 - atraso no início das obras na curva do arroz
R: Na nossa avaliação os principais problemas do CEM são a falta de condições físicas e de pessoas para o pleno desempenho das atividades, conseqüência das dificuldades políticas externas à UFSC para a ocupação da área da Curva do Arroz, mas principalmente a falta de uma reorganização interna da gestão administrativa da UFSC de forma a acompanhar as demandas da expansão, como a tomada de decisão institucional de redimensionar com urgência os setores de elaboração de projetos, licitações e compras. Para tanto, é essencial envolver a comunidade nas mudanças, apresentando os diagnósticos institucionais existentes, propor soluções e em conjunto definir as mudanças necessárias. Um efetivo cronograma de implantação de uma nova gestão administrativa da UFSC que enfrente os problemas existentes e sejam tomadas decisões efetivas para resolver as questões. Dar maior agilidade ao processo de contratações e definir critérios claros para distribuição de vagas de professores é um dos desafios. Utilizar os dados dos projetos pedagógicos REUNI aprovados na Câmara de Ensino para definir as necessidades e prioridades de contratações de professores e técnicos. Acompanhando este processo uma ação mais pro-ativa junto ao governo para contratação de professores para cursos com características REUNI, mas que não entraram no projeto. O curso de Engenharia de Mobilidade é um dos cursos REUNI, mas os alunos estão chegando ao sexto semestre, e o CEM deveria contar com 60 professores de acordo com as estimativas iniciais, mas o número atual é de 23 professores. Deve ser dada prioridade total para a consolidação do CEM, nas obras físicas, nas contratações de professores e técnicos e avaliação contínua das fragilidades e potencialidades do projeto pedagógico, pois temos dúvidas sobre o que representam para a qualidade de ensino e para os professores turmas de 200 a 250 alunos.

 5 - O candidato tem conhecimento do número de vagas de professor e funções gratificadas que o governo Federal enviou para a UFSC, ligadas ao projeto REUNI?

 Tomando os números brutos do campus Joinville, pode-se calcular um fator superior a 40 alunos / professor atualmente (1000/23). Neste sentido, sabendo que o Reuni projeta uma relação de 19 alunos/professor, porque foram preenchidas neste campus 23 vagas de professor, quando o requerido seriam em torno de 52?

Quais são os critérios para distribuição de vagas advindas do projeto Reuni?
R: Eram 400 as vagas de professores alocadas no projeto. Quanto às funções gratificadas não temos os dados no momento. Destaca-se ainda à falha no cumprimento de um efetivo cronograma de contratações, de servidores e de docentes. Esclarecemos que os critérios foram definidos exclusivamente pela administração central, e não houve a participação dos diretores dos Centros de  Ensino. Todos foram apenas  comunicados do resultado.

 6 - Como o candidato vê o Projeto Político Pedagógico - PPP baseado em turmas grandes (de 200 a 250 alunos)
R: Esta é uma inovação pedagógica e por este motivo precisa ser acompanhada de uma avaliação contínua. A ampliação de vagas de acesso está na base do projeto REUNI. A experiência que está sendo realizada no CEM deve ser valorizada, mas é necessário infra estrutura adequada e também reconhecer a necessidade de rever a carga de ensino dos professores diante de turmas de 200 alunos. Não há suporte adequado  para a aplicação e correção de provas, trabalhos, etc.. A sobrecarga para os professores é enorme. Portanto, consideramos que é muito importante avaliar constantemente os níveis de aprendizado em turmas grandes, avaliar a necessidade de inovações metodológicas e  para resolver a sobrecarga dos professores, no caso de manutenção das turmas de 200 alunos, constituir uma equipe de professores para as disciplinas, distribuindo com igualdade a carga didática e a realização de avaliações, ajustando a relação de 18 alunos por professor para possibilitar sua dedicação a pesquisa e extensão. A criação de equipes também seria muito importante para o desenvolvimento das aulas práticas associadas às aulas teóricas.

Os dados de evasão apresentados no relatório do CEM em 2010 reforçam a importância de avaliações contínuas do projeto. Em 2009.2 temos 4 de um total de 199,  em 2010.1, 58 de um total de 371 e em 2010.2,  109 de um total de 568 estudantes. Também a criação do curso de verão mostra as dificuldades de aprendizagem no período regular e a necessidade de reforço pedagógico. Sobre essas dificuldades é preciso avaliar os efeitos do grande número de alunos por turma, os métodos pedagógicos adotados e a precarização do trabalho docente. Enfim, é essencial um processo de avaliação contínua que envolva professores, técnico-administrativos e estudantes de forma a promover os ajustes que se fizerem necessários, fazendo uso da autonomia universitária.

7 - Quais os planos do candidato para a implantação do Centro de Engenharia da Mobilidade no curto, médio e longo prazo (2, 5 e 10 anos)?
Ao adotar o planejamento estratégico como ferramenta de gestão em todos os níveis da administração, para garantir a aderência a missão, visão de futuro, diretrizes e metas da UFSC, bem como o seu acompanhamento  com indicadores de desempenho. Neste processo, ressaltamos que a governança universitária tem como base tomadas de decisões baseadas em critérios transparentes para alocação de recursos orçamentários globais (pessoal, custeio e capital), resultado do diálogo permanente com a comunidade universitária, estabelecimento de prioridades institucionais, com visibilidade e transparência. Abaixo delinearemos alguns compromissos relacionados a nossa proposta de trabalho e especialmente as informações advindas dos relatórios institucionais e dos diálogos realizados durante nossa visita ao Campus Joinville em  5 de outubro de 2011.

R: Compromissos à Curto Prazo (12 -24 meses):
1º . Diálogo contínuo com os professores, técnicos e estudantes sobre a avaliação do projeto pedagógico do CEM e o apoio institucional necessário;

2º Definição do número de professores necessários para implantação do curso de graduação e pós- graduação no Campus  para alcançar a mesma qualidade e condições de trabalho do Campus Florianópolis.

3º Viabilização da contratação dos professores necessários;

4º Viabilização da construção com urgência da infra estrutura física do Campus Joinville;

5º Institucionalizar núcleo de assistência estudantil, descentralizando e ampliando o apoio estudantil;

6º Acompanhamento contínuo das dificuldades dos estudantes e fortalecimento das políticas de apoio estudantil como ampliação de bolsas estudantis neste processo de implantação;

7º Acompanhar o rendimento dos alunos e avaliar a necessidade de alterações no projeto pedagógico e no tamanho das turmas;

8º Proposta de regulamentação da Representatividade no CUn e nas Câmaras de Ensino, Pesquisa e Extensão de representantes dos professores e estudantes do Campus Joinville (através do sistema vídeo conferência ou presencial no Campus Florianópolis) e definição do processo de avaliação dos gestores do Campus pela comunidade e avaliação sobre como será realizada a escolha dos gestores.

9º Atuar no sentido de instalação de Departamento Artístico no Campus.

Compromissos à Médio Prazo (5 anos):
1º Continuidade do processo de implantação, com o fortalecimento da pós-graduação no campus;

2º Apoio institucional contínuo nas atividades de ensino, pesquisa e extensão;

3ª Mudança jurídica para dar autonomia financeira aos Campi da UFSC e descentralização do sistema de compras;

4º Dar condições institucionais para capacitação de professores e técnicos administrativos;

5º Avaliar a possibilidade de implantação de outros cursos de graduação no Campus Joinville.

6º Apoiar a elaboração de projetos conjuntos com universidades brasileiras  e estrangeiras no campo de ensino, pesquisa e extensão visando fortalecer uma política de nacionalização e internacionalização em educação, cultura , ciência e tecnologia, mantendo os intercâmbios já existentes com os Estados Unidos e Europa e ao ampliar as políticas voltadas para a América Latina, África e Ásia.

Compromissos à Longo Prazo (10 anos):
Com o estabelecimento de uma política de planejamento em nossa gestão que valorize as experiências acumuladas pelos professores, técnicos e estudantes do Campus Joinville para definir os rumos do projeto do Campus Joinville   executaremos no próximos 10 anos  o que planejarmos no início de nossa gestão na reitoria,  escutando a comunidade  do Campus Joinville.


8 - Corre o boato de que a atual administração da UFSC devolveu ao governo federal mais de 50 milhões de reais, o candidato sabe algo a respeito?
R: Dos recursos destinados à graduação em 2010, 435 MR$, foram efetivamente comprometidos 383 MR$. A diferença, 52 MR$, não foi usada no ano de 2010.


9 - Caso realmente o PPP seja implantado com turmas grandes, como fica a carga efetiva de trabalho didático dispare entre um professor que ministra 8h/aula para uma turma de 250 alunos no compus de Joinville em contraposição a um professor que ministra 8h/aula para um total de 80 alunos no campus da Trindade. Hoje o PAAD não tem fator de ajuste para a carga extra didática prevista para esta realidade. O que o candidato, se eleito, fará a respeito?
R: Com um adequado suporte para os professores para a aplicação e correção de provas, trabalhos, etc. Apoio também às turmas de aulas práticas associadas às aulas teóricas. Uma alternativa é de ter 4 turmas de 50 alunos, com um horário comum na semana, para o conteúdo teórico e os outros horários ajustados, para o conteúdo de laboratório. Cada turma teria um professor alocado, ou seja a constituição de equipes de professores.


10 - Em seu ponto de vista quais são os quesitos que uma universidade precisa ter para se tornar referência mundial? Seria possível implantar o campus de Joinville com base nesta perspectiva? Como?
Conforme o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFSC ( 2010-2014), “a gestão das relações interinstitucionais deve ter impacto em uma ou mais dimensões estratégicas da Universidade.  Deve portanto, estar contextualizada no planejamento estratégico de modo a definir sua contribuição nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, cultura, arte e gestão. Uma relação institucional qualquer pode ter abrangência local , regional, nacional ou internacional. (...) A UFSC deve ser administrada de modo a buscar constantemente o seu aprimoramento e chegar a um grau  de desenvolvimento de uma universidade de classe mundial. Nesse sentido deve buscar professores de elevada qualificação, construir a excelência em pesquisa, oferecer ensino de alta qualidade, buscar estudantes internacionais e de elevado nível, promover a mobilidade institucional e internacional e a multiculturalidade, oferecer cursos internacionais e incluir a internacionalização como parte de seu desenvolvimento institucional.” (p.104).

Em nossa avaliação para que estes pressupostos sejam alcançados é necessário á implantação de ampla revisão administrativa com a finalidade de reduzir a burocracia, mapear e otimizar processos administrativos e reduzir os custos da gestão em todos os níveis que facilitem o cumprimento das atividades fins da universidade. A permanência da precariedade de funcionamento de diversos setores das áreas de infra estrutura, dispersão de esforços individuais, lentidão nas tomadas de decisão e muito baixo nível de adesão efetiva aos processos de planejamento institucionais são os principais entraves para a implementação de uma universidade com padrões internacionais.  No entanto, embora a UFSC de hoje esteja longe de ser uma universidade com padrões de qualidade internacionais, existe uma política de relações internacionais. Dessa forma, vários pesquisadores são reconhecidos mundialmente e muitos de nossos melhores estudantes recebem convites para realizarem suas atividades em vários países do mundo. Este reconhecimento mostra que temos talentos individuais que foram desenvolvidos em nossas universidades demonstrando nossa capacidade de formação com os níveis de universidades internacionalizadas. Além da “profissionalização da gestão interna”, infra estrutura de prédios adequadas, outros quesitos são importantes para que nossa universidade torne-se uma referência mundial: incentivo à participação dos pesquisadores da UFSC em programas de caráter internacional, nacional e ou regional; criação de uma infra estrutura  de apoio que facilite a obtenção de informações, a elaboração de projetos, permitindo uma maior agilidade em um melhor aproveitamento de oportunidades de financiamentos à pesquisa; vários protocolos de intercâmbios internacionais, que possibilitem alunos e professores viajarem para atuar em universidade de vários continentes, em todos as áreas do conhecimento. A divulgação de orientações para professores e alunos efetuarem a inscrição em editais de convênios internacionais também é muito importante.

Para a UFSC se tornar referência mundial é preciso conhecer a universidade que temos e construir  a universidade que queremos. Neste sentido deve-se ressaltar que todos os campi deveriam ter o mesmo tratamento. O tipo de universidade que queremos deve ser definido em um amplo debate com a comunidade acadêmica, o governo federal e a sociedade. Para balizar esta discussão seria interessante observar as informações  do documento do Banco Mundial http://siteresources.worldbank.org/EDUCATION/Resources/278200-1099079877269/547664-1099079956815/547670-1237305262556/WCU.pdf  e verificar que tipo de universidade queremos ser. E muito interessante a critica à UBA e USP em AL sobre a impossibilidade de participarem do seleto grupo de melhores universidades do mundo por atenderem muitos alunos. Deveriamos nos perguntar se o objetivo da nossa universidade é atender às necessidades da comunidade da região e do pais, ou de procurar ter um premio Nobel. As universidades são e serão diferentes. E principalmente com projetos diferentes, com objetivos diferentes, constituídos na relação com sociedade em que estão inseridas.
            
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ELEIÇÕES: Dúvidas dos alunos da Graduação em Design da UFSC

Caros(as) senhores(as) candidatos(as),
Nós do CADe - Centro Acadêmico de Design, visando fortalecer o processo eleitoral e dar maior base para que nossos alunos possam fazer a escolha mais acertada quanto ao futuro da Universidade da qual fazem parte, compilamos algumas das dúvidas que os alunos do curso de Design acham mais relevantes e decidimos trazê-las aos senhores.

As respostas a esse email serão encaminhadas, na integra, aos alunos, cabendo a eles analisar e usar estas informações e mais qualquer outra a qual já tenham tido acesso para promover a democracia de uma forma concreta e real. Para tanto, seguem as perguntas:

1 - Qual a sua posição sobre o atual sistema de segurança da Universidade? Quais os planos que vossa gestão tem para está área?

Resposta: A Profa. Roselane  participa do Comitê de Segurança no Campus e assim suas sugestões vêm sendo implantadas pelo DESEG. Consideramos esse assunto da máxima relevância e urgência. É urgente um debate sobre condições de segurança na UFSC envolvendo a comunidade universitária. Algumas estratégias podem ser potencializadas (ampliação do quadro da DESEG ,mais pessoal especializado) e outras necessitam ser discutidas com a comunidade universitária para que a construção de tomadas de decisão sejam realizadas em conjunto. Consideramos que é muito importante tomar decisões institucionais sobre este tema, pois as pessoas precisam ter a oportunidade de manifestar-se e ter acesso aos relatórios sobre as condições da segurança na UFSC hoje. Portanto, entendemos que quaisquer decisões devem ser tomadas envolvendo a comunidade, pois estas decisões afetarão o cotidiano de toda comunidade. Para evitar tensões ou conflitos é preciso uma gestão transparente e que estabeleça uma rede de comunicação que informe as decisões e possibilite a participação da comunidade universitária no processo de tomadas das decisões. Nos últimos anos as condições de segurança na cidade tem se agravado e consequentemente também na UFSC. Porém, é muito importante analisar quais as ações institucionais necessárias para definir as políticas de segurança “com segurança”. Será necessário que a comunidade universitária defina, a partir dos diagnósticos, das análises realizadas, se o setor de segurança da UFSC consegue garantir a integridade física dos membros da comunidade, sobre quais as mudanças que precisam ser realizadas, por exemplo, a expansão do quadro de servidores. Outra opção possível é a autorização institucional para entrada no campus de forças policiais externas. Em nossa opinião esta não é uma decisão “tranqüila” diante dos problemas de segurança na UFSC, pois temos exemplos de como em outras universidades o despreparo destas forças policiais coloca em risco a comunidade, por exemplo, ações com metralhadoras a menos de 50 metros de espaços de sala de aula. Entendemos que é possível a construção de convênios com polícias externas desde que as ações sejam realizadas a partir de ações secretas da polícia de inteligência, que atuem estrategicamente na prevenção dos problemas de segurança. Além disso, é urgente estabelecer um relação mais estreita com os setores públicos responsáveis pela segurança, pois temos a oportunidade de colaborar com as reflexões em torno dos problemas sociais através  a produção de conhecimento sobre a sociedade em que vivemos. A segurança na UFSC deve ser acompanhada pela melhoria da segurança pública da Cidade.

2 - A pavimentação, bem como alguns prédios, encontra-se em estado de abandono e degradação significativa. Um exemplo evidente é o prédio do Centro de Convivência. Como será dado o processo de manutenção desses espaços?

Resposta: A infra-estrutura física precisa ser melhorada e as áreas de convivência revitalizadas. Consideramos que a permanência estudantil e a qualidade de vida no trabalho de técnicos e docentes estão relacionadas também com a possibilidade de se dispor de boas áreas e espaços de convivência. Os recursos da universidade para construção e manutenção da infra-estrutura serão alocados de acordo com critérios de prioridade amplamente divulgados, provenientes dos dados advindos dos vários setores da UFSC, criando mecanismos democráticos para a discussão de metas e prioridades da comunidade universitária. Simultaneamente para que as solicitações sejam concretizadas é necessário o redimensionamento do setor de projetos arquitetônicos da UFSC (DPAE) e de manutenção (DOMP). É preciso implantar uma nova gestão na universidade que realize as mudanças que já foram solicitadas pelos Diretores dos centros de ensino, pelos estudantes e pela comissão (CAPLAN) criada pela própria reitoria atual relacionado ao redimensionamento de equipes de setores essenciais. Os diagnósticos de mudanças existem desde 2010, mas as tomadas de decisão necessárias e urgentes não aconteceram. A comunidade universitária não está sendo ouvida e às tomadas de decisão em prol dos “interesses institucionais” não estão acontecendo.

3 - Os alunos do Centro de Comunicação e Expressão, o mais antigo da UFSC, estão a mais de um ano sem poder desfrutar de um espaço de convivência com lanchonete, que lhes permita um tempo de descanso apropriado entre as aulas. Em adicional, uma parte do espaço destinada a tal centro está sendo utilizado temporariamente para abrigar uma sala de aula que não apresenta estrutura real para suportar esta atividade. Como vossa gestão lidará com este problema e outros similares?

Resposta: Consideramos que deve ser resgatada esta área, adequada para a cantina ou lanchonete do CCE, e que durante anos contribuiu para potencializar a boa convivência entre os professores, técnicos e estudantes no Campus.  Neste sentido os espaços destinados à melhoria das condições de trabalho e para possibilitar uma maior interação entre os diversos integrantes da comunidade universitária serão espaços priorizados, visto a degradação destes no campus como hoje se encontra. A boa qualidade de alimentação e convívio também são aspectos a serem considerados na formação. Nosso compromisso com a reestruturação administrativa de setores responsáveis pelas obras na UFSC visa dar eficácia ao uso do dinheiro que chega na UFSC para construção de  prédios para salas de aula e laboratórios para evitar que a expansão represente perda de espaços de convivência.

4 - É de amplo conhecimento que uma mesma empresa possui mais de 5 lanchonetes espalhadas pela UFSC, ditando os preços praticados nos centros próximos à reitoria. Este tipo de atitude será recorrente durante os próximos quatro anos na UFSC?

Resposta: Existe um limite que pode ser estabelecido de até no máximo “2 lanchonetes”. Até este número se não houver irregularidade no processo de arrendamento do espaço público, o contrato deverá ser mantido. No entanto, a fiscalização deve ser contínua por parte da comunidade. Em cada centro de ensino há um responsável pela fiscalização, que pode negociar a qualidade dos serviços e produtos comercializados. Nossa proposta é que seja composta uma comissão de avaliação em cada centro de ensino, com a participação de representantes de professores, técnicos e estudantes, que seriam responsáveis por criar mecanismos para ouvir as opiniões dos usuários e apresentar os relatórios para os donos da lanchonetes e solicitar mudanças. Caso contrário, se buscará as medidas cabíveis.

5 - Relatos indicam que atualmente a dificuldade de utilização do Centro de Cultura e Eventos para promoção de eventos culturais por parte dos estudantes é grande, sendo que eventos privados, bem como comerciantes, tem prioridade sobre o espaço. Qual a vossa opinião sobre esta situação?

Resposta: Temos levantado frequentemente essa questão. É necessário se ter acesso à contabilidade desse espaço para se verificar como são feitos os contratos, os valores da alocação do espaço e a diferença entre a receita advinda dos aluguéis e o custo de manutenção total. Consideramos que esse espaço deve prioritariamente beneficiar a comunidade universitária com políticas culturais gratuitas e eventos científicos. Esta será nossa linha de ação.

6 - Existem múltiplas instalações novas em processo de conclusão, cujos prazos já expiraram ou estão em vias de. No que vossa gestão se diferenciará da atual quanto ao tratamento destes compromissos assumidos para com a comunidade?

Resposta: Consideramos em nossa proposta a urgência da reestruturação da gestão de infra-estrutura da gestão interna da UFSC. Mais pessoal e mais organização para se dar conta de todas essas pendências. Os prazos estimados devem ser cumpridos e as obras realizadas. É muito importante para o bom uso do dinheiro público a transparência na utilização dos recursos. Também o planejamento adequado para realização das obras. Universidade sem planejamento adequado é refém da “urgência”. E a urgência é inimiga do bom uso do dinheiro. Enfim, serão verificados os prazos e orçamentos e comunicado à comunidade o cronograma de atividades a realizar. O compromisso será mantido conforme os repasses verbas do governo federal. Os repasses do governo dependem de uma gestão eficiente internamente (relatórios e projetos elaborados para serem apresentados ao governo) e a  atitude firme junto ao governo para garantir a captação de recursos.  

7 - Várias são as licitações e trâmites burocráticos que se alongam indefinidamente, prejudicando o estudantes que dependem deles. Quais serão as medidas de vossa gestão para com processos licitatórios ineficientes e burocracias demasiadamente longas?

Resposta: Consideramos a necessidade de uma assessoria jurídica própria, que fundamentem as ações do reitor frente a ANDIFES e ao governo para propor mudanças na legislação que não reconhece as especificidades das atividades da universidade frente aos demais setores do serviço público. Internamente é necessário um maior número de pessoas dedicadas às atividades de compras e licitação. A equipe atual está sub-dimensionada e o software de apoio não é adequado. Também é muito importante a criação de um banco de dados sobre a qualidade dos materiais comprados para evitar a compra de produtos de qualidade duvidosa e excluir do sistema de cadastro federal (SICAFE) as empresas de caráter duvidoso. No entanto, para que a fiscalização seja efetiva é essencial que o planejamento seja realizado, pois o prazo maior para utilizar o que foi comprado facilita a devolução do produto e a punição da empresa.  caso o produto adquirido  não seja de boa qualidade.

8 - Em uma faculdade com tantos mestres e doutores em Tecnologia da Informação, Sistemas de Informação e Design, nosso sistema virtual acadêmico, o Moodle, é precário, não amistoso e de complicada utilização; o que atrapalha alguns alunos e muitos professores. Quais são os planos de melhoria para os acessos virtuais da UFSC?

Resposta: O sistema acadêmico eletrônico e o sistema de governança eletrônica deverão ser revistos e adequados às nossas necessidades. Interfaces mais amigáveis deverão ser desenvolvidas para permitir que o esforço de aprendizado dos sistemas seja menor e mais intuitivo.

9 - A Universidade, como espaço de aprendizagem e crescimento, tende a fornecer abertura para o crescimento social e cultural dos estudantes. No ultimo ano pareceu que a Resolução de Festas foi esquecida. Com isso o movimento estudantil se viu de mão atadas para a realização de múltiplos eventos que, além de promover cultura e entretenimento, forneciam estrutura financeira para os Centros Acadêmicos pudessam financiar palestras, viagens, workshops e outras atividades que a UFSC não dispõe. Qual é a posição do(a) Candidato(a) sobre a Resolução de Festas e os grandes eventos de entretenimento estudantil na UFSC?

Resposta: A Profa. Roselane foi  presidente do Grupo de Trabalho do CUn sobre Resolução de Festas em 2009, diante da proibição iminente quando o ministério público exigiu a regulamentação das festas na UFSC. Apenas “proibir as festas” não garante de forma alguma que elas não acontecerão e garantir a segurança de todos que participam era a grande questão naquele momento.  Em 2009 nossa proposta já era a criação de um espaço fechado para a realização de grandes festas, coordenado por um Comitê Gestor, com regulamento que democratizasse sua utilização. Temos alunos com vários perfis sócio-econômicos e nem todos têm condições de alugar espaço para realização de confraternizações. Isso leva a uma reflexão sobre o que a criação de espaços de convivência representa para os estudantes e também para a autonomia do movimento estudantil. Nossa candidatura considera importante ter condições para festas e eventos estudantis com segurança e qualidade. Mas também nesta questão também é preciso considerar que há uma comunidade no entorno da UFSC que reclama das grandes festas na universidade. Atualmente a  grande reflexão e que ainda não temos  respostas é:  vamos manter  a realização das grandes festas nos formato em que estão? Como resolver esta situação? Nos relatórios aparecem várias reclamações dos moradores da vizinhança da UFSC em relação a barulho a altas horas da noite. Como respeitar o direito de descanso dos moradores da vizinhança? Não são respostas fáceis, mas acreditamos que “dialogando” sobre a questão encontraremos uma solução equilibrada que atenda a todos.

10 - O Centro Acadêmico de Design gostaria, por fim, de solicitar uma breve reunião entre os acadêmicos do curso e o(a) Candidato(a) para que possamos conversar melhor sobre as propostas que não foram abordadas neste pequeno questionário.

Resposta: Prezados estudantes do Design, seria muito importante essa reunião, mas só teríamos disponível a 4ª feira (16/11) e nossa agenda já está cheia. Talvez pudessem participar de um encontro que teremos com os estudantes de Pós-graduação em odontologia (16/11 -08h30min - Pós-Odonto – CCS Bloco H - sala 02).